publicado dia 03/06/2016
Filme Paratodos propõe discussão sobre inclusão nas escolas
Reportagem: Ana Luiza Basílio
publicado dia 03/06/2016
Reportagem: Ana Luiza Basílio
Durante quatro anos, as lentes do cineasta Marcelo Mesquita acompanharam as equipes paralímpicas de atletismo, natação, futebol e canoagem. As gravações, que permitem acompanhar os desafios e superações de nomes como Alan Fonteles, Terezinha Guilhermina e Yohansson Nascimento (atletismo), Daniel Dias (natação) e Fernando Fernandes (canoagem), deram origem ao filme Paratodos, que teve sessão especial de lançamento nesta quarta-feira (01/06), em São Paulo.
A partir da perspectiva do esporte paralímpico de alto rendimento, o documentário busca sair do lugar comum da superação da deficiência e abordar questões humanas, como autoestima, esperança, bullying, perfeccionismo e companheirismo. Também há a expectativa de que a obra contribua com o debate da inclusão, sobretudo com a proximidade das Paralimpíadas 2016 – que acontece no Rio de Janeiro, de 7 a 18 de setembro – e seja propositora de reflexões para um país mais justo e inclusivo.
Trailer do filme Paratodos
Por isso, além da veiculação no circuito comercial de cinema, com estreia prevista para o dia 21 de junho em vários estados, o filme também chega às escolas públicas do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco por meio de parcerias com as secretarias de educação, promovidas pela Sala 12 Filmes – que roteirizou o filme – e a Taturana Mobilização Social. A expectativa é que a obra possa alcançar 200 mil estudantes em todo o país.
Saiba + Em debate: os desafios da inclusão escolar
Para o cineasta e diretor do filme Marcelo Mesquita, a inclusão é mais simples do que se imagina. “Acho que que um dos poderes do filme é que com dois, três minutos, você esquece que o Alan não tem as pernas, que a Terezinha é cega, que o Daniel não tem os braços, que o Fernando está em uma cadeira. O preconceito é uma questão imagética e é ele quem gera a segregação. Acho que ao trazer a história dos atletas, o filme contribui de forma muito clara para que as pessoas entendam isso, para que você instrua o olhar e o coração a ver por dentro, e não só por fora, e a partir daí batalhar por uma sociedade mais inclusiva. E são os alunos, as novas gerações que podem mudar essa situação”, avaliou.
No Rio de Janeiro, a parceria se deu com a Secretaria Municipal de Educação e a sessão especial de lançamento está marcada para o dia 6 de junho, às 10h, no Cine Joia Rio Shopping e às 14h no Cine Joia Copacabana; na Bahia, a Secretaria Estadual de Educação e o Espaço Xisto Bahia – Secretaria de Cultura do Estado a promoverão uma exibição no dia 7 de junho, às 14; em Pernambuco, a Secretaria de Educação do Estado se uniu à Secretaria de Educação de Recife e à Secretaria de Cultura para promover a sessão também no dia 6 de junho, às 14h, no Cinema São Luiz.
Em São Paulo, a parceria é com a Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Secretaria da Educação do Estado. Para o secretário José Renato Nalini, que esteve presente durante a sessão especial do filme em São Paulo, a parceria é extramente relevante. “A educação se propõe a formar integralmente uma personalidade, ou seja, é necessário crescer em todas as dimensões, uma delas é conviver com as diferenças”, avaliou.
Nas escolas, o filme chega junto com um material complementar produzido em parceria com instituições como Ação Educativa, APAE-SP, Coletivxs e Instituto Rodrigo Mendes. A autora, Liliane Garcez, conta que a produção do material contou com um processo de debate coletivo desses diversos atores.
“Tomei como ideia central para a elaboração pensar quais são os estereótipos que as pessoas com deficiência ocupam em nossa sociedade. E a partir disso, criei como mote Nem herói, nem coitadinho”, conta a especialista. O trabalho contempla a atualização de conceitos, para que as pessoas não incorram em erros ao lidar com as pessoas com deficiência, usando expressões como “necessidades especiais”ou “portadores de deficiência”.
Também parte das modalidades retratadas no filme – atletismo, natação, canoagem e futebol – para trabalhar temáticas para além do esporte inclusivo, como a superação. “Propomos pensar o que é a superação para pessoas com e sem deficiência”, explica Liliane.
Outro cuidado foi colocar a diferenciação entre o esporte inclusivo escolar e o esporte de alto rendimento, visto que as escolas não têm esse papel de caça talentos; e também de propor metodologias inclusivas para todas as áreas do conhecimento, dialogando com as diversas demandas do contexto escolar.
Outras escolas também podem participar do projeto e levar o filme para suas unidades. Para tanto, devem preencher um formulário no site da Taturana Mobilização. Os dados devem ser preenchidos pelo responsável pela sessão.