A prática pedagógica tem o esporte como base para desenvolver habilidades e competências educacionais e de formação integral, tais como protagonismo, proatividade, colaboração e empatia.
O Esporte Educacional é uma manifestação do esporte com foco na inclusão social. Sua base é o processo de aprendizado e desenvolvimento integral do ser humano, e não apenas a formação do indivíduo como atleta. Ele adapta regras, estruturas, espaços e gestos motores, de acordo com as realidades de cada território.
O UNICEF entende que esporte educacional são as práticas que contribuem para o desenvolvimento, a formação e a educação de crianças e adolescentes livres, alegres e felizes. Para isso, tem como princípios os quatro pilares:
Seja qual for a atividade esportiva escolhida pelo professor, a prática segue os seguintes passos: 1) Divisão das equipes e criação de regras do jogo pelos alunos, sempre com o intuito de favorecer a participação de todos e minimizar as diferenças identificadas; 2) Jogo em si, sem arbitragem, para que os alunos possam desenvolver autonomia e autorregular a atividade; e 3) Avaliação da prática e reflexão sobre o cumprimento de combinados e regras.
Como surgiu o conceito de esporte educacional?
O conceito de esporte-educação ou esporte educacional surgiu a partir da Carta Internacional da Educação Física, elaborada pela Unesco, que renovou os conceitos do esporte em função da reação mundial pelo uso político do esporte durante a Guerra Fria. Por ocasião dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), em 1985, iniciou-se no Brasil o debate sobre o esporte educacional. Em 1993, a Lei n° 8672/1993 e o Decreto n° 981/1993 reforçaram o conceito de Esporte Educacional ao afirmar que a hipercompetitividade e a alta seletividade invalidam a prática esportiva educacional. E, em 1995, com a criação do Ministério do Esporte e do INDESP (Instituto Nacional do Desenvolvimento do Esporte), foi elaborado um documento-ensaio com os princípios fundamentais do esporte educacional.
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Craque do Amanhã
O Craque do Amanhã é um projeto de esporte educacional realizado por meio da Lei do Incentivo ao Esporte e operacionalizado pelo CIEDS (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável), que busca desenvolver habilidades esportivas aliadas à formação humana. O projeto reconhece o futebol como um grande potencial educativo, capaz de contribuir na formação da cidadania, combate à violência, respeito aos Direitos Humanos e inclusão social. É a partir disso que o Craque do Amanhã adota estratégias didáticas e desenvolve metodologias participativas que trabalhem Olhar – Refletir – Agir, em três eixos principais: Família, Escola e Esporte.
Toda a ação metodológica do projeto é orientada a partir das premissas do UNICEF, presentes no Guia de Esporte e Cidadania. São eles: inclusão de todos; construção coletiva; respeito à diversidade; educação integral; e rumo à autonomia.
Além da atividade esportiva, o projeto reúne as famílias e alunos participantes para Cafés com Pais, eventos que visam estreitar o relacionamento com as famílias. Realiza, também, ações de ampliação do repertório cultural e educacional dos beneficiários, a partir de atividades complementares, como visitas ao Museu do Futebol, Catavento Cultural e Parque Estadual do Jaraguá.
Entre as habilidades desenvolvidas, está o respeito à diversidade, pois, entre os beneficiados, estão 10% de crianças com deficiência e 40% de meninas, taxas incomuns para projetos dessa natureza.
Leia o artigo completo, preparado pela equipe do CIEDS, a respeito desta prática.
Núcleos Esportivos Socioeducativos
A tecnologia desenvolvida e empregada pelo Instituto Esporte & Educação nas suas ações está fundamentada na utilização do esporte como instrumento de educação, pois desenvolve valores como a solidariedade, respeito ao próximo e às regras, tolerância, sentido coletivo e cooperação. Cria oportunidades de o aluno desenvolver estratégias para resolver problemas e enfrentar situações da vida em sociedade.
A maneira encontrada pelo I.E.E. para realizar esta intervenção foi implantar e gerenciar, em comunidades com maior vulnerabilidade social, Núcleos Esportivos Socioeducativos (NESEs), que oferecem atendimento sistemático orientado pela metodologia do esporte educacional. A estratégia adotada para a realização desse atendimento sistemático são as aulas semanais para crianças, adolescentes, jovens e adultos da comunidade, com uma metodologia que busca respeitar e potencializar as características de cada faixa etária.
Cada NESE atende, em média, 350 alunos com idade entre 5 e 18 anos, em atividades esportivas socioeducativas. Familiares e moradores em torno do núcleo também recebem atendimento, estes em atividades como ginástica, eventos esportivos, projetos socioculturais, além de serem convidados a participar do conselho gestor, um grupo constituído de membros de diferentes segmentos da comunidade (comerciantes, lideranças comunitárias, microempresários e diretores de escola).
Banco de práticas – Prêmio Petrobras de Esporte Educacional
A premiação conta com um banco de Boas Práticas, que divulga experiências pedagógicas que foram validadas e classificadas como Tecnologias Sociais de Esporte Educacional pela Comissão Julgadora do Prêmio.
O banco tem como proposta disseminar o conhecimento sobre o tema e criar um espaço de troca de saberes, contribuindo, assim, para o fortalecimento da rede de Esporte Educacional. Clique aqui e confira.
Esporte e direito Você sabia que o direito ao esporte está expresso em várias leis nacionais e internacionais?
O artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 20 de novembro de 1989, por exemplo, diz:
“1. Os Estados partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística.”
“2. Os Estados partes promoverão oportunidades adequadas para que a criança, em condições de igualdade, participe plenamente da vida cultural, artística, recreativa e de lazer.”
O esporte também está garantido no texto da Constituição do Brasil, promulgada em 1988, no artigo 217:
“É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um.”