As práticas de “Estúdio” são atividades de experimentação “mão na massa” que estimulam a criatividade e as possibilidades de compartilhamento e trocas de ideias, viabilizando um processo educativo por meio de construções coletivas lideradas pelos estudantes. Trata-se de uma trajetória de trabalho lúdica e investigativa, em que os participantes refletem sobre as questões que os inspiram e/ou inquietam. Juntos, os estudantes criam projetos de intervenção significativos para todo o grupo e são mobilizados por um propósito comum, refletindo sobre suas comunidades e cultivando hábitos autossustentáveis.
O “Estúdio” tem como base a proposta da cultura maker, ou movimento maker, que se configura como um movimento mundial que inaugura um novo paradigma na relação entre os sujeitos sociais e a tecnologia. Da perspectiva de usuários e consumidores, os estudantes passam a ter a oportunidade de se apropriarem ativamente dos artefatos digitais, que se transformam criativamente, de acordo com interesses individuais e coletivos.
As práticas “mão na massa” favorecem, portanto, uma aprendizagem criativa, por meio de construções coletivas lideradas por estudantes “fazedores”. Vem fortalecer a concepção de Educação Integral por meio de processos educativos que sejam plenos de sentido, envolvendo um constante imaginar, criar, brincar, compartilhar e refletir.
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Entretanto, apesar do movimento maker ser naturalmente associado à tecnologia, não se deve limita-lo às escolas privadas de alto padrão. Mais relevante do que ter um laboratório equipado com computadores, impressoras 3D, cortadora a laser e fresadoras, o que define o real sentido da cultura maker é que seja cultivada, na comunidade escolar, a liberdade para os estudantes buscarem os temas que os mobilizam, garantindo sentido e legitimidade aos processos criativos.
Essa proposta de trabalho possibilita que os alunos se expressem de formas muito variadas, sendo possível utilizar materiais simples e usuais e, a partir daí, criar projetos não convencionais.
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Materiais necessários
Para as oficinas “Circuitos em Papel” (parte da prática Estúdio), cada participante pode receber um “kit” que contenha:
Instituto Catalisador
O Instituto Catalisador é uma associação sem fins lucrativos criada em julho de 2015, a partir de um interesse de trazer a ciência para o cotidiano das crianças, reconhecendo e valorizando os questionamentos que elas apresentam diante de tudo que observam no seu dia a dia. Inspirados pela intersecção de diversas áreas do conhecimento, os projetos valorizam a convergência de diferentes linguagens. Entusiasmado pelos princípios da aprendizagem criativa, o Instituto Catalisador tem se dedicado a levar a cultura “mão na massa” para dentro de escolas públicas e outros espaços educativos. Tem como missão contagiar um número significativo de educandos e educadores que, por meio de experiências de aprendizagem criativa, podem se tornar sujeitos autores de seus próprios percursos e agentes de transformação individual e social.
Ao longo de 2015, a equipe do Instituto mergulhou no universo maker, sendo selecionado pelo Programaê (Fundação Lemann e Fundação Telefônica Vivo) para integrar o Projeto MakersEduca. Desta parceria, surgiu o Programa Ponta Pé, junto ao Projeto Âncora (Cotia, São Paulo), uma legítima experiência de “Estúdio”.
Nas oficinas, um grupo de meninos e meninas entre 8 e 12 anos foi convidado a participar das atividades que aconteceram ao longo de três meses, duas vezes por semana, com três horas de duração cada. Os 12 estudantes participaram do programa, incluindo um professor tutor, que atuou como um agente catalisador de práticas interdisciplinares. Além dos educadores e apoio da gestão escolar, o Programa Ponta Pé estabeleceu parcerias com diversos atores comunitários, como pais de estudantes, arquitetos, marceneiros e cozinheira. As oficinas, conectadas ao currículo da escola – e não segmentadas no “contraturno” ou como “atividades complementares” –, garantiram o real sentido do aprender-fazendo em um contexto interdisciplinar, conectando o projeto escolhido pelas crianças aos conteúdos curriculares e conceitos trabalhados nas aulas de alfabetização, ciências e matemática.
Nesta prática maker, optou-se pela reutilização de um material existente no Projeto Âncora (barras de ferro) para criar um novo brinquedão para o parquinho da escola. Também foi utilizada uma impressora 3D e cortadora laser, ferramentas digitais e circuitos elétricos em papel, instrumental que auxiliou na definição do projeto e prototipagem do novo brinquedo.
A inovadora metodologia de trabalho do Instituto Catalisador permitiu discutir, no espaço escolar, a redefinição dos processos tecnológicos, engajando os estudantes em um projeto de interesse coletivo, além de estimular a cultura “faça-você-mesmo”.
Veja fotos das atividades e acompanhe os cursos e práticas pelo Catalisador aqui.
Como implementar a cultura maker na educação
A empresa Makers sistematizou uma série de práticas que passou a desenvolver junto às escolas, em várias partes do País. O fundador da consultoria, Ricardo Cavallini, acredita que, seja qual for o método de ensino, a escola pode tirar proveito da cultura maker e de suas tecnologias, mas é preciso fazer adequações. Conheça, nesta publicação, as várias possibilidades de atividades a serem promovidas pelas escolas.
Para saber mais
Confira outras práticas desenvolvidas e se inspire com elas:
– Estudante desenvolve técnica para desenvolver circuitos elétricos em papel
– Kit de módulos eletrônicos coloridos leva invenção para sala de aula