Letramento e cultura digital
Práticas

Produção audiovisual educomunicativa

Nos dias de hoje, assistir a vídeos na internet faz parte do cotidiano de boa parte dos alunos e educadores das escolas brasileiras. Mas, para além de telespectadores, há uma necessidade latente de garantir a democratização do acesso aos meios de comunicação, ou seja, à produção também dos materiais, valorizando o protagonismo infantojuvenil e a liberdade de expressão, e garantindo um currículo mais significativo.

Cada vez mais, os adolescentes e jovens querem dar suas opiniões e ser produtores de diversos conteúdos no mundo digital, como nos canais no YouTube e nas páginas de humor no Facebook, por exemplo.

Leia +  Educomunicação é estratégia para melhorar aprendizagem dos estudantes

Nesse sentido, a produção audiovisual educomunicativa tem como foco a produção de vídeos, criados e compartilhados em ambientes educativos, com base nas ideias e no estilo dos estudantes. O foco está na realização de produções com tecnologias acessíveis, de forma colaborativa, a fim de que os participantes não aprendam apenas a técnica, mas também valores e conhecimentos para exercitarem a linguagem audiovisual em diferentes situações, em uma prática cidadã e transformadora.

A educomunicação amplia o leque de linguagens para aqueles que possuem vontade de se expressar e ainda contribui para que, inclusive na Educação Infantil, seja possível oferecer momentos marcantes de aprendizagens que garantam a voz ativa de todos na construção de suas histórias e do mundo.

O que é educomunicação?

A educomunicação é um conjunto de ações inerentes ao planejamento e à implementação de processos e produtos destinados a:

O conceito de educomunicação surgiu a partir das pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da Universidade de São Paulo (USP), no final da década de noventa (1997-1999), após a realização da Pesquisa Perfil do Educomunicador.

Unindo fontes acadêmicas e práticas de diferentes experiências, o Centro de Referências em Educação Integral procurou elucidar nesta matéria possíveis caminhos para o início das práticas educomunicadoras em instituições de ensino. A trilha foi construída com o apoio do professor do curso de licenciatura em Educomunicação da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Marciel Consani.

A mesma foi coordenada pelo professor Ismar de Oliveira Soares, reconhecido internacionalmente por suas pesquisas na inter-relação Comunicação e Educação. Entretanto, o termo “educomunicação” já aparecia em discussões da Unesco desde os anos 80, para designar ações de comunicação voltadas para a educação e vice-versa. Na mesma década, Mario Kaplun utilizava o termo “educomunicador” para nomear o comunicador que atuava nas práticas de comunicação alternativa na América Latina.

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Aprendendo com quem faz

Confira algumas plataformas gratuitas de filmes e vídeos:

Plataforma Faz Sentido

Para apoiar as trajetórias de estudantes autônomos e confiantes, é fundamental trabalhar intencionalmente suas competências socioemocionais, como a colaboração e a comunicação. Com esse intuito, a plataforma Faz Sentido – uma iniciativa conjunta do Media Education Lab com as organizações Inspirare, Tellus, Instituto Unibanco e Labi – busca disponibilizar, na rede, diversas práticas pedagógicas que trazem esses valores.

Entre elas, há iniciativas que abordam a importância de se trabalhar com a produção audiovisual, tanto em projetos que acontecem em períodos extraclasse, como com estudantes de turno integral e de idades diferentes.

A ideia é que os vídeos possam compor uma exibição na escola toda, dar início a um festival de cinema e/ou ser revisitados e exibidos no início ou ao final dos anos letivos. Além disso, as atividades também podem suscitar diferentes discussões críticas sobre variados temas, incluindo os direitos autorais das produções realizadas.

Na plataforma Faz Sentido, ainda é possível conhecer práticas que utilizaram diferentes ferramentas de comunicação para potencializar a produção e a divulgação dos vídeos, como o Facebook, o Instagram, o Snapchat, o WhatsApp, o YouTube, entre outros.

Para conhecer algumas dessas práticas disponibilizadas na plataforma, acesse:

 

Empatia – UME Maria Luiza Alonso Silva – Santos (SP)

Aproveitando o gosto dos estudantes do ensino Fundamental I pelo YouTube, este projeto propõe a criação coletiva de vídeos para melhorar a interação e a colaboração na sala de aula. A ideia central é despertar a empatia entre os estudantes, ampliando seus conhecimentos sobre produção audiovisual, a fim de construir novos sentidos às suas leituras digitais.

O projeto, mediado pela professora Cristina Gottardi Van Opstal Nascimento, iniciou com discussões que buscavam diferenciar “educação” de “gentileza”, por exemplo. Posteriormente, os estudantes foram convidados pela educadora a criarem um vídeo que abordasse atos gentis na escola. O primeiro trabalho foi com os desenhos dos alunos.

Para editar os vídeos, foi escolhido o Stupeflix, um site que não requer download e, portanto, a edição pode ser feita diretamente na internet. Confira aqui outra produção do grupo.

TV Cedro Rosa – EMEI Profa. Eunice dos Santos – São Paulo (SP)

Nos anos de 2010 e de 2011, a Escola Municipal de Educação Infantil Professora Eunice dos Santos, localizada em Pirituba, na zona oeste de São Paulo, contou com o projeto “A Grande São Paulo vista pelos olhares dos pequenos”. A partir dele, foi criada uma espécie de emissora televisiva online – batizada de TV Cedro Rosa -, sugestão de uma aluna que visitou o Pico do Jaraguá e encontrou uma árvore com o nome, segundo ela, mais bonito de todos: “Cedro Rosa”.

Coordenado pelo professor Marcelo Augusto Pereira dos Santos, o projeto contou com a participação efetiva de 40 crianças, 13 profissionais, incluindo docentes e gestores da escola, além das parcerias com a Diretoria Regional de Ensino de Pirituba e com o Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Com câmera fotográfica, filmadora e gravador de voz na mão, crianças de cinco anos registraram, sob sua ótica, diversos espaços de lazer e de aprendizagens existentes em sua cidade. Cada equipe de repórteres mirins, constituída de cinco crianças, tinha o desafio de trazer os espaços explorados para dentro da escola.

Afinal, aproveitando as possibilidades dos paradigmas educomunicativos, nada mais justo do que as crianças contarem, para elas próprias e para os adultos, o que de mais divertido, interessante e gostoso há na cidade de São Paulo, por meio da produção de pequenos documentários na linguagem audiovisual.

O trabalho coletivo era estimulado a todo momento. Os equipamentos deveriam sempre passar por todas as crianças e, a cada troca, a experiência e as ideias também circulavam junto.

 

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