A cartografia parte do pressuposto de que a cidade deve ser explorada e apropriada pelos estudantes. Sendo assim, trata-se de uma estratégia que permite articular ações para a experimentação de novas práticas e novos olhares, abrindo possibilidades para a invenção de estratégias para a constituição de outros territórios, espaços de vida e relações.
O que é cartografia?
Em 2003, a Associação Cartográfica Internacional (ACI) atualizou o conceito e definiu Cartografia como “uma maneira única para a criação e manipulação de representações visuais ou virtuais do geoespaço – mapas – com vista a permitir a exploração, análise, compreensão e comunicação da informação sobre aquele espaço”.
Essa prática relaciona-se com um princípio de investigação que tem o sentido de desnaturalizar e problematizar os significados, provocando nos jovens o “desprendimento” de modelos e proporcionando o “pensar diferentemente”, o reconhecimento da alteridade e dos diferentes modos de viver.
Entendida como uma linguagem que orienta a leitura e a produção de sentidos sobre a realidade dos espaços, a cartografia possibilita que os jovens se apropriem e se envolvam reflexivamente com o território em toda a sua complexidade: culturas, tecnologias, mundo do trabalho, políticas públicas, diferentes modos de vida e jeitos de ser.
Leia + Mapeamento: olhar para a cidade é oportunidade de aprender
Várias camadas cartográficas podem ser sobrepostas ao longo da prática, tendo como objetos a cidade, as comunidades e a vida do jovem. Essas camadas podem se desdobrar em relações espaciais, relações de poder, espaços profissionais, relações econômicas, espaços formativos, movimentos culturais, história local, história pessoal etc.
A utilização do mapa é o ponto de partida para estimular a relação do aluno com seu território e com a cidade em que vive. A prática faz uso de um mapa, desenhado ou impresso, e estimula que o aluno registre, nesse material, seus desejos pessoais e profissionais – relacionados ao seu projeto de vida –, além de oportunidades e pontos de seu interesse, aprimorando seu repertório e a condição de cidadão. A ideia é, também, que os estudantes possam visitar os locais registrados.
Benefícios da cartografia
As iniciativas que atuam na perspectiva da Educação Integral podem se beneficiar da cartografia como método de investigação, produção de conhecimento e formação política dos educandos nos seguintes termos:
Confira essas e outras dicas no especial “Cartografia e educação integral”, criado pela Plataforma Educação&Participação.
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Implemente
Dica Confira a plataforma virtual “Mapas de Vista” que colabora na criação de projetos de mapeamento e pode ser utilizada por escolas e comunidades para identificar potenciais educativos na região.
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Possibilidades Os mapas podem ser utilizados como ferramentas para levantar informações de diversas naturezas, a partir do tema central proposto. Conheça no Guia “Tecnologia social para a juventude” (páginas 32 a 37), três possibilidades: Mapa de Contexto, Mapa socioambiental e Mapa Afetivo.
Materiais necessários
Programa Jovens Urbanos
A cartografia é uma das metodologias utilizadas pelo Programa Jovens Urbanos, uma iniciativa da Fundação Itaú Social e sob a coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
A cartografia, no âmbito do Programa Jovens Urbanos, parte do pressuposto que o jovem deve explorar seu território e utilizar-se de diferentes tecnologias, tais como fotografia, filmagem e intervenções urbanas. A utilização da cartografia é o ponto de partida de sua relação com o espaço público. É a partir do mapa que os estudantes passam a registrar seus desejos pessoais e profissionais, ampliando seu repertório e condição de cidadão.
Partindo da escuta dos jovens, são discutidas as tecnologias em que eles gostariam de aprofundar-se. Com isso, é disponibilizada a figura do consultor, que é um especialista em determinada área, como um fotógrafo, por exemplo. Este profissional passa a explorar presencialmente os locais definidos pelos alunos na cidade.
O grande objetivo desta prática é trabalhar as potencialidades: dos estudantes e do seu espaço, desmistificando a ideia de que só existem oportunidades nas regiões centrais da cidade. Na prática, o projeto ajuda os alunos a construírem elos com o seu território e a realizarem ações positivas, como uma intervenção artística na própria escola, uma exposição pública de fotografia ou uma mostra de cinema.
Exemplos de cartografias no percurso formativo do Jovens Urbanos:
Cartografia Pessoal:
Cartografia do Território:
Cartografia Política:
Cartografia do Mundo do Trabalho:
Cartografia na prática
O Banco de Oficinas da plataforma Educação&Participação traz algumas sugestões de práticas que dialogam com essa proposta da cartografia. A oficina “Olhares, lugares e percursos”, por exemplo, estimula os jovens a conhecerem diferentes lugares da cidade, em um exercício de apropriação do território, iniciando com uma abordagem que utiliza mapas convencionais e finalizando com a representação do entorno da organização/escola, do ponto de vista dos alunos. Fotos imaginárias que trabalham com expressão corporal também fazem parte da proposta. Há, ainda, as práticas “Descobrindo a nossa cidade” e “Percurso dos jovens na cidade”. Atualmente, é relativamente simples a obtenção de mapas das mais variadas localidades, acessando serviços como Google Maps, disponíveis gratuitamente na Internet. Este serviço permite o acesso a mapas com variados níveis de detalhamento. Consulte: http://maps.google.com.br.
Para saber mais
Matérias:
– Pesquisador defende: esforços para mapear territórios apoiam a criação de arranjos de educação integral
– Plataformas virtuais fomentam criação de mapeamentos colaborativos
Publicação:
– Manual de mapeamento coletivo (em espanhol)