As estratégias de formação de leitores e de prática de leitura têm o objetivo de tornar o ato de ler uma escolha, e não uma obrigação. Pesquisas no ambiente escolar tentam compreender por que crianças e adolescentes não gostam de ler. As conclusões a que chegam se relacionam, principalmente, à falta de contato com livros e autores e à imposição de leituras obrigatórias, as quais acabam criando resistência.
Dar oportunidade aos alunos de conviverem com livros é o primeiro passo para formar leitores. É fundamental garantir o acesso a acervos, bibliotecas, salas de leitura, assim como promover a troca das obras entre os leitores.
Leia + Como estimular a leitura entre crianças e jovens na escola?
A prática de leitura pode ser incentivada por meio de estratégias como: o texto imaginativo, a leitura de imagens e a leitura em voz alta. O primeiro tipo de atividade se refere à apresentação do título e da capa do livro, para que o aluno imagine e preveja o que irá encontrar na história, seus personagens, as situações e os lugares.
A leitura em voz alta requer o uso das nuances da voz e da linguagem corporal para dar vida aos personagens e ao mundo criado pelos autores e apresentá-los aos ouvintes. É um complexo exercício executado em conjunto, entre quem lê e quem escuta, que potencializa a interpretação e a compreensão da história, bem como aproxima não-leitores da obra.
Uma estratégia interessante para se desenvolver na escola é a formação de mediadores de leitura. O objetivo é promover o acesso qualificado do acervo da biblioteca da escola a estudantes e seus familiares. Ela desenvolve comportamentos de leitura, amplia o conhecimento sobre livros e autores e garante a efetiva interação entre educandos e comunidade escolar.
Para tanto, realiza atividades em duas etapas: a primeira, de formação de alunos leitores, e a segunda, de visitação às casas de famílias que desejam receber os mediadores de leitura, que levam uma pequena parte do acervo literário da escola para as residências e leem, para os anfitriões, as obras escolhidas.
Práticas de leitura na escola
Como a gestão escolar pode tornar seus espaços mais propícios à leitura? Como os professores podem estimular os alunos a gostarem de ler? Como incentivar os estudantes a se tornarem leitores autônomos e críticos? Para trazer algumas respostas a essas questões, a Plataforma de Letramento preparou um material multimídia especial, que apresenta, de forma clara e ao mesmo tempo bastante aprofundada, as dimensões pelas quais os alunos podem passar na aprendizagem da leitura. Explore o material!
Planeje
Implemente
Avalie
Institucionalize
Materiais necessários
Projeto Canto de Encanto
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Vargem Grande II, em São Paulo, iniciou, em 2013, o projeto de formação de mediadores de leitura e visitação à casa dos familiares de seus educandos. Com a abertura da sala de leitura naquele ano e a contratação de um professor que iria atuar especificamente na biblioteca, os docentes da escola foram motivados a idealizar um projeto que garantisse o acesso – não só aos professores e alunos, mas também à comunidade e famílias – ao acervo de quase 4.500 livros que compõe o espaço de leitura.
Experiências e metodologias
O Cenpec sistematizou a experiência e a metodologia de dois projetos de formação de mediadores de leitura realizados pela organização: “Entre na roda: leitura na escola e na comunidade (ENR)” e “Ler: prazer e saber (LPS)”. Aproveite as dicas.
A ideia inicial veio do professor de História, Deusdete Cássio, que atuava como professor orientador da biblioteca da escola. Cássio buscou o apoio da gestão e dos demais docentes, os quais, em conjunto, implementaram o projeto.
A EMEF está inserida em uma comunidade periférica e, por isso, a proposta visa proporcionar a circulação, entre os moradores do bairro, de um bem cultural e patrimonial frequentemente restrito àquela população.
Hoje, a escola estima que quase 500 famílias do bairro de Vargem Grande, onde a EMEF está localizada, já receberam a visita dos alunos mediadores de leitura. A professora Marta Fernandes, que leciona na escola, conta que os resultados são nítidos: as crianças demonstram comportamentos leitores, conhecem as obras e os temas dos livros, têm mais segurança para ler e se expressar, têm protagonismo frente à comunidade, mediante o reconhecimento e a interação afetiva com as famílias. Houve a promoção do acesso ao patrimônio que estava concentrado na biblioteca, mas também foi despertado o prazer pela leitura na comunidade escolar.
Os familiares contam, em matéria produzida pela Prefeitura de São Paulo, outros resultados positivos sobre a iniciativa.
Outras possibilidades
No Paraná, Biblioteca Interativa traz novo significado e função aos tradicionais espaços de estudo. Conheça mais essa experiência.
No município de Ipatinga (MG), a Secretaria de Educação tem se empenhado em promover práticas de leitura junto a crianças e adolescentes. Um ônibus com prateleiras e livros, conduzido por motorista, é estacionado, pelas manhãs, próximo a uma escola pública. Do veículo, descem mediadores de leitura, que promovem contação de histórias na instituição de ensino e convidam os estudantes a subirem no veículo e conhecerem os títulos da biblioteca sobre rodas.
Os estudantes e os moradores da comunidade podem pegar um livro de empréstimo e, após a leitura, devolver na escola mais próxima. O acervo da biblioteca sobre rodas foi construído mediante doações, em campanha promovida pela Secretaria de Educação de Ipatinga e pelas escolas do município.
Para saber mais
Prática:
– Leitura para família e estudantes
Reportagem:
– Dicas para as famílias ensinarem aos filhos o prazer em ler