Promover espaços de visibilidade do cinema nos ambientes educativos é um dos caminhos possíveis para lidar com a construção de conhecimentos em torno de diferentes temáticas da atualidade, bem como para problematizar as distâncias existentes entre as linguagens utilizadas pelas novas gerações e pelos educadores.
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Tanto a leitura crítica da mídia quanto a proposta de tornar o aluno o produtor da informação trazem novas possibilidades ao professor de debater, discutir e articular temas importantes de suas disciplinas, relacionando-os ao universo dos próprios estudantes. A partir da realização de cineclubes, é possível proporcionar debates ricos e empoderadores após a exibição de cada película. Esses espaços colaboram, portanto, para tornar o aluno autônomo e protagonista.Afinal, os professores também foram formados por uma escola que valoriza a linguagem escrita como única expressão, e sua formação audiovisual se deu, e se dá, fora do ambiente escolar. Há, ainda, o desafio de fazer com que as escolas aceitem e adotem o cinema como material pedagógico, e não mais como mero apoio.
A proposta de realização de cineclubes permite aos participantes dialogar sobre os filmes exibidos, de uma maneira agradável, e aprofundar as questões levantadas nas películas, de forma colaborativa, configurando uma ponte entre os conteúdos didáticos e os materiais audiovisuais.
O que é um cineclube?
No Brasil, a prática de cineclubismo teve início em 1929, com a formação do Cineclube Chaplin Club, no Rio de Janeiro, baseado no movimento cineclubista francês da mesma década. Os cineclubes surgiram em resposta a necessidades que o cinema comercial não atendia, com a missão de exibir cinematografias que não estariam disponíveis ao público de outra maneira. Além disso, são essenciais, para a configuração de um cineclube, a discussão e o intercâmbio, pois a problematização é tão ou mais importante do que a exibição do filme em si. Afinal, os cineclubes estão relacionados a uma concepção revolucionária e democrática de organizar a relação do público com a obra audiovisual. Assista ao vídeo “O que é Cineclube?” e confira mais detalhes!
Diante do desafio que é trabalhar o cinema em sala de aula, o site “Curta Na Escola” vem apoiando educadores nessa tarefa. Com cerca de 400 vídeos disponíveis, o portal reúne curtas-metragens brasileiros com indicações e sugestões de uso em sala de aula. Cada obra é apresentada com uma ficha que indica os temas abordados, as disciplinas relacionadas, a faixa etária adequada, entre outras informações. Os materiais disponíveis no site são gratuitos e de uso livre, desde que não haja uso comercial. Conheça!
Planeje
Dica Veja algumas listas de filmes, organizados por temáticas, que podem apoiá-lo na escolha das obras:
15 filmes nacionais para crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento
10 filmes para refletir sobre a juventude
13 filmes para debater diversidade sexual e de gênero
10 filmes online que têm como foco a cultura negra brasileira
Implemente
Institucionalize
Materiais necessários
Sessão AfroeducAÇÃO no Cinema – São Paulo/SP
A proposta de realização de cineclubes, dentro do projeto AfroeducAÇÃO no Cinema, em parceria com o Clube do Professor e o Espaço Itaú de Cinema, tem como foco proporcionar diálogos com os realizadores dos filmes do chamado Cinema Negro Brasileiro.
As sessões bimestrais “AfroeducAÇÃO no Cinema” tiveram início na cidade de São Paulo, em 2011, motivadas pela necessidade de conhecer e valorizar a cultura e a identidade negras, por meio de uma metodologia transformadora, direcionada, principalmente, a educadores(as) interessados(as) na aplicação da Lei Federal 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira na Educação Básica.
Para isso, a AfroeducAÇÃO escolheu a promoção de cineclubes como estratégia, tendo em vista a capacidade de sensibilização e de mobilização do audiovisual. Neste processo de troca de experiências e de conhecimentos, os(as) participantes também são despertados(as) para a possibilidade de trabalhar com as produções exibidas como recursos pedagógicos, conforme os preceitos da educomunicação, a fim de permitir que as vivências dos(as) aprendizes façam parte de suas aprendizagens.
A ideia central é garantir, principalmente, aos educadores participantes dos cineclubes a abordagem de aspectos da história e da cultura dos povos afrodescendentes com conteúdos e aplicabilidade em diversas disciplinas (História, Geografia, Língua Portuguesa, Literatura, Matemática e Ciências), tendo o cinema como motor para leitura crítica do mundo e produção autoral.
Cineclube Grande Otelo – EMEF Saturnino Pereira – São Paulo (SP)
Diante da obrigatoriedade da Lei Federal 13.006/14, que determina a exibição de filmes de produção nacional nas escolas de Educação Básica, as professoras Michelle Bernardes, Juliana Borges e Maria Inez Sousa, que são frequentadoras assíduas de cinema, organizaram o cineclube. Inicialmente, as exibições foram direcionadas aos alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), uma vez por mês, mas, com o sucesso do projeto, tiveram o público ampliado.
Os encontros do cineclube Grande Otelo acontecem na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Saturnino Pereira, na região de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo. Após a exibição dos filmes, há sempre um convidado que media o debate com os alunos, a fim de aquecer as discussões em torno dos temas apresentados.
Além disso, a escola busca estabelecer práticas democráticas de participação dos alunos na programação: eles podem optar por assistir ao filme ou estar em outra aula, se preferirem. Nesta unidade escolar, o cinema é uma ferramenta para que os alunos reflitam sobre a realidade que os cerca e um espaço para o debate de temas importantes de seus cotidianos, que muitas vezes não ganham espaço nas atividades regulares.
Saiba mais sobre o cineclube.