Experiências

Como o STEAM pode apoiar a inovação pedagógica no Novo Ensino Médio

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A abordagem metodológica do Programa ACESSE propõe a articulação entre Ciências, Tecnologia, Engenharia, Arte+Design e Matemática para tornar o aprendizado mais significativo

O STEAM une conhecimentos e habilidades das Ciências, Tecnologia, Engenharia, Arte+Design e Matemática para tornar o aprendizado mais significativo, trabalhando os objetos de conhecimento de diferentes áreas de forma integrada e interdisciplinar. É essa abordagem metodológica que orienta o programa ACESSE – Arte Contemporânea e Educação em Sinergia no SESI (Serviço Social da Indústria).

O Programa , que já alcançou 266 educadores de 10 estados brasileiros, agora terá seus materiais e referenciais  disponíveis para todos os professores do Brasil, de forma gratuita e digital. O objetivo da iniciativa, elaborada pelo SESI em parceria com o Centro de Referências em Educação Integral, é apoiar a inovação pedagógica nas escolas, ampliando as possibilidades de experimentação, sobretudo diante do desafio de implementar o Novo Ensino Médio.

Em diálogo com marcos legais brasileiros, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (DCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o ACESSE traz o STEAM para auxiliar na promoção de competências e habilidades para o século XXI, como a adaptação a diferentes situações, a criatividade, a cultura digital, a argumentação, o pensamento crítico e o raciocínio lógico, a partir de atividades colaborativas e autônomas, e que tenham conexão com a vida real dos estudantes. Isso é fundamental diante de uma sociedade em constante transformação, com novas carreiras, desafios tecnológicos, dilemas e demandas surgindo a todo momento. 

“A escola costuma ensinar a decorar ‘verdades’, mas precisamos transformar isso em capacidade de aprender, reaprender, experimentar, errar, criar e adaptar-se à mudanças. Assim, é importante ensinar conhecimentos técnicos, como a programação, desde que articuladas a essas competências, para que a criação de tecnologias e máquinas sirva para tornar o mundo um lugar melhor”, explica Gabriela Agustini, consultora de inovação, tecnologia e transformação social, também membro do conselho consultivo do programa ACESSE.

Criação de um dos professores que participou do programa ACESSE

Do ponto de vista dos educadores, a formação visa apoiá-los a trabalhar com a articulação entre objetos de conhecimento de áreas variadas, uma possibilidade que a maior parte dos professores em serviço hoje não teve a oportunidade de experimentar durante sua própria formação inicial. “O ACESSE privilegia o exercício do pensamento complexo, uma elaboração de Edgar Morin que significa levantar diferentes perspectivas sobre um mesmo tema para entender como elas se complementam, analisando, assim, a parte, o todo e as relações que se estabelecem entre eles”, explica Maria Antonia Goulart, especialista que compõe a equipe de coordenação do ACESSE. 

Isso possibilitaria os professores a realizarem, por exemplo, uma atividade que começa com uma discussão sobre a epidemia de Covid-19 e se desdobra em estudos na Biologia sobre o que é o vírus e como ele se comporta; pode-se compreender matematicamente a escalada de sua transmissão; é possível um olhar social e geográfico aos impactos de uma pandemia para um país e o mundo, bem como discutir o que o distanciamento social provocou em relação ao uso das tecnologias digitais para a comunicação.

O diálogo possível entre arte e educação

Nesse exercício de pensamento complexo para a interdisciplinaridade na escola, o ACESSE destaca na abordagem metodológica STEAM a arte, sobretudo a contemporânea, cujos processos de criação dialogam com os da aprendizagem. São artistas que olham, pesquisam e questionam o mundo sobre algo que os toca, sistematizam e produzem uma forma expressiva sobre o assunto, ou seja, a obra de arte em si. 

“Na escola, olhamos para o mundo e o quê mobiliza os estudantes. A partir daí, identificamos as habilidades e os objetos das áreas de conhecimento e conectamos às propostas de atividades e ao produto final, que pode ser o mais diverso, como um stop-motion, uma leitura de imagem ou um autômato”, exemplifica Maria Antonia.

Nas experiências em andamento pelo Brasil, a formadora do programa, Luciana Oliveira, diz que o despertar da sensibilidade nos processos de ensino e aprendizagem se sobressai: “Tanto para os professores quanto para os estudantes, trabalhar a partir do que realmente mobiliza, afeta a vida deles e faz parte do cotidiano gera aprendizagens muito mais significativas e, portanto, duradouras”.

“O grande desafio da escola do século XXI é resolver a pobreza de imaginação porque ninguém cria algo novo que não imaginou”, diz Maria Antonia Goulart.

Todo esse processo de ensino e aprendizagem é pautado, ainda, por um dos grandes fundamentos da arte contemporânea: o deslocamento, ou seja, a capacidade de colocar uma coisa onde ela não está, mesmo sem saber no que isso vai resultar. 

“O grande desafio da escola do século XXI é resolver a pobreza de imaginação porque ninguém cria algo novo que não imaginou. Para imaginar, é preciso estar diante de algo que não se sabe e que não está dado, partindo da premissa de que tudo pode ser porque tudo quase é. É assim que a escola pode ser um espaço para deslocar, provocar a imaginação, o levantamento de possibilidades, a experimentação e a pesquisa, para que os estudantes possam entender o mundo de forma criativa e imaginar, cada um à sua maneira, uma forma de interferir nele, assumindo uma postura ativa de repensar a vida, as relações, os sistemas, o futuro”, finaliza Maria Antonia.

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