publicado dia 11/05/2017

O que os jovens esperam do Ensino Médio?

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A escola ideal garante segurança, infraestrutura, a inclusão de pessoas com deficiência e a presença constante dos professores. Estes itens não foram selecionados por idealizadores da educação, mas por quem mais precisa ser ouvido: os próprios alunos.

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A pesquisa Repensar o Ensino Médio, iniciativa do Todos Pela Educação, que contou com apoio do Itaú BBA e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e realização da Multifocus, ouviu a opinião de 1551 jovens brasileiros entre 15 e 19 anos de escolas públicas e privadas sobre os professores, a participação social e a Educação Técnica. Os resultados podem servir de norte para a elaboração de políticas públicas educacionais.

Os quatro componentes destacados pelos estudantes como mais importantes são, ao mesmo tempo, os alvos de maior insatisfação em relação a suas escolas. Se para 85,2% dos estudantes a segurança é a maior prioridade, para 29,6%, ela é motivo de insatisfação, o segundo maior índice – em primeiro lugar, aparecem as aulas de informática.

A preocupação com a segurança é priorizada em todas as regiões do Brasil, mas outras categorias variam de acordo com a área. No Sudeste, Norte e Sul, prevalece a atenção às pessoas com deficiência. No Nordeste, professores assíduos são o ponto mais valorizado pelos estudantes e no Centro-oeste, a cordialidade dos funcionários.

Os jovens têm uma expectativa especial: que os professores sejam apaixonados por dar aula

O comprometimento dos alunos também aparece como destaque dos aspectos menos satisfatórios, em quarto lugar, ainda que represente o sexto item mais importante para a qualidade do ensino, também segundo eles. Estes dados podem demonstrar que os estudantes têm ciência de que a educação não depende somente de professores e da escola, mas deles mesmos.

Os entrevistados também apontam a necessidade de que os professores façam mais uso de tecnologia em sala de aula (52,9%), promovam visitas culturais (41,3%) e projetos interdisciplinares (34,2%). Especificamente sobre os docentes, os jovens têm uma expectativa especial: que eles sejam apaixonados por dar aula, e 80,9% deles estão satisfeitos com este item sobre seus professores. Em seguida, se destaca a relação que se estabelece em sala de aula: 79,5% dos estudantes espera que o professor não desista do aluno e 79,3% quer que eles cobrem e exijam comprometimento dos estudantes.

Para estes jovens, cursar uma faculdade é a principal motivação para obter o diploma do Ensino Médio. 71,4% deles afirmam que essa etapa da educação serve para prepará-los para o ingresso no Ensino Superior.

Destes estudantes, contudo, 86% alegam ter dificuldades para continuar os estudos. Entre as principais, aparecem obstáculos financeiros (42%) e problemas para conciliar trabalho e estudo (19%).

O que é a educação técnica para os jovens?

A maioria dos estudantes afirmou acreditar que uma formação básica, que os prepare  para a vida profissional, é importante. 77,6% dos estudantes atribuem grau de importância 9 ou 10 para matérias dirigidas à formação profissional, técnica e aconselhamento.

Apesar disso, do expressivo assentimento, metade dos alunos do Ensino Médio regular ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA) diz não conhecer nenhuma modalidade de Educação Técnica. A classe DE é a que mais desconhece a modalidade: 95% dos estudantes gostariam de saber mais sobre essa opção de ensino.

A substituição de um terço das matérias do Ensino Médio por disciplinas técnicas a escolha do estudante, caso a carga horária diária da etapa fosse de 5 horas, é aprovada por 76,% dos estudantes. A aceitação é maior na região Nordeste (85,5%), e menor na região Sul (44,6%).

Dentre os estudantes do Ensino Médio regular ou EJA, há ainda alta concordância de que o desestímulo para cursar o ensino técnico se deve ao processo seletivo ser muito concorrido (42,2%) e à falta de acessibilidade geográfica (39,6%).

Quem quer ser professor?

Embora 38% dos jovens já tenham pensado em ser professor, 23,5% disseram ter desistido da ideia. O grupo que pretende seguir a carreira é relativamente maior na classe DE (16,6%), justamente o grupo que requer mais apoio à permanência na universidade.

Os principais motivos associados à rejeição da profissão refletem aspectos relacionados à baixa valorização que a sociedade brasileira atribui aos professores. De acordo com os entrevistados, o pouco respeito dos alunos (20,9%), o baixo salário inicial (17,7%) e o pouco reconhecimento da sociedade (14,2%) fazem com que a carreira não seja uma opção.

Participação social

A pesquisa do Todos Pela Educação também procurou compreender de que forma a juventude tem se engajado: 43% dos entrevistados afirmaram ter participado de algum movimento social no último ano, sendo que 8% deles participaram de três ou mais tipos de articulação. Entre as opções relatadas estavam: manifestação pública (35,5%), abaixo-assinado (27,3%), greve (27,3%), debates (22,9%), atividades em grupos religiosos (19,9%) e voluntariado (14,3%).

Os criadores do estudo afirmam que investigaram a participação social para fortalecer as “instituições democráticas da escola e para que novos mecanismos de participação sejam criados, tema, por exemplo, das estratégias 19.4 e 19.6 do Plano Nacional de Educação (PNE)”.

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