publicado dia 08/03/2016

No dia de luta das mulheres, conheça 8 maneiras de discutir gênero na escola

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O 8 de março é uma data histórica, quando milhares de mulheres saem às ruas em todo o mundo para reivindicar o que ainda lhes falta: igualdade de direitos. Melhores condições de vida e de trabalho, direito ao aborto e soberania sobre seus corpos, combate à violência de gênero. A lista de reivindicações, infelizmente, ainda é longa.

É consenso que o combate ao machismo pode ter um grande aliado na escola. Principal espaço de socialização de crianças e adolescentes, esse espaço cumpre um papel fundamental, seja reforçando as desigualdades entre os gêneros, seja combatendo-a.

Nos últimos anos, no contexto da elaboração dos planos nacionais, estaduais e municipais de educação, o debate ganhou relevância. Diante da presença de metas relacionadas com o combate ao sexismo e à homofobia, grupos religiosos – representados institucionalmente por políticos – em geral, homens brancos e heterossexuais -, conseguiram retirar, tanto do Plano Nacional de Educação (PNE), como diversos planos municipais e estaduais, tais metas em muitas localidades.

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Apesar desse retrocesso, diversas escolas continuam promovendo ações que visam mostrar, a meninos e meninas, que a discussão de gênero importa, sim, e que, apesar da retirada das metas relacionadas ao tema dos planos, ele continuará sendo parte dos conteúdos em escolas comprometidas com o fortalecimento da equidade.

Abaixo,  reunimos 8 de experiências de escolas que mostram que é sim possível e necessário incorporar o tema à sala de aula.

#1. Escola trabalha questões como lesbofobia, transfobia e homofobia com seus estudantes

Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkhul faz a discussão sobre homofobia, machismo e transfobia

Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkhul faz a discussão sobre homofobia, machismo e transfobia

Um concurso de cartazes e oficinas, em articula~ção com uma universidade federal. Por meio desses instrumentos simples, a Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkhul, em Águas Mornas (SC), faz a discussão sobre homofobia, machismo e transfobia com os estudantes do ensino médio e do final do fundamental. Inicialmente, os professores e estudantes realizavam 5 encontros ao longo do ano para discutir essas temáticas, sendo os materiais produzidos ao final.

Depois, como o interesse dos alunos cresceu, as formações acontecem uma vez por semana. Alguns dos temas trabalhados são: “Pimenta nos olhos dos outros também arde: troca de papel”; “A construção social dos gêneros”; “Decida-se”; “Identidade de gênero, expressão de gênero, orientação sexual e sexo biológico”. Também são usados como subsídios para os debates filmes – como “Transamérica” – e canções. Um trabalho foi feito com Balada de Gisberta.

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#2. Estudantes criam museu virtual com história de mulheres notáveis

Nise da Silveira, uma das biografadas pelos estudantes, foi uma renomada médica psiquiatra brasileira

Nise da Silveira, uma das biografadas pelos estudantes, foi uma renomada médica psiquiatra brasileira

É provável que você consiga contar nos dedos da mão o número de referências a mulheres que foram apresentadas pelos professores na escola como referência em suas áreas de atuação. Quantas físicas, escritoras, biólogas, historiadoras, matemáticas você conheceu na sala de aula?

Partindo desse diagnóstico, a professora Maria del Pilar Tobat, começou a usar suas aulas de português no Centro de Ensino Fundamental I de São Sebastião (DF) para estimular os alunos a produzirem projetos contando a história de mulheres importantes para a história. A partir do resultado foi elaborado um museu virtual.

#3. Debate sobre diversidade integra projeto político pedagógico da escola

Alunos pela diversidade em desfile em Planaltina.

Alunos pela diversidade em desfile em Planaltina.

A escola não é um ambiente livre das contradições da nossa sociedade e em muitos casos, os estudantes, gestores e professores acabam por reproduzir uma lógica machista.

Ao perceber que isso estava acontecendo, o Centro de Educação Infantil 1 de Planaltina (DF) decidiu incluir o debate sobre diversidade no Plano Político Pedagógico, por meio do estabelecimento de uma rede interna, e também externa, de apoio a disseminação de práticas marcadas pela diversidade durante o período em que os alunos estão na escola.

#4. Projeto usa história de mulheres inspiradoras para discutir questão de gênero

A professora Gina Vieira é a idealizadora do projeto.

A professora Gina Vieira é a idealizadora do projeto.

Quais as principais referências para as crianças adolescentes? A professora Gina Vieira Ponte, do Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia (DF), fez essa pergunta e começou a perceber que esse referencial é construído a partir daquilo que é mostrado pela mídia.

Ela iniciou, então, um projeto para apresentar outras histórias de mulheres. Propôs aos alunos que pesquisassem e escrevessem a história de uma mulher inspiradora. Muitos meninos e meninas escolheram figuras da própria família, reconhecendo-as como exemplos de mulheres inspiradoras.

#5. Programa intersetorial da prefeitura de São Paulo apoia travestis e transexuais

Lançamento do Transcidadania na Câmara dos Vereadores de São Paulo

Lançamento do Transcidadania na Câmara dos Vereadores de São Paulo

O percurso escolar de transexuais e travestis é, em muitos casos, encurtado por reações transfóbicas dentro da sala de aula e no ambiente familiar. A falta de escolaridade combinada com o preconceito social restringe as opções de vida e de emprego.

Para incentivar que esse público conclua seus estudos, a prefeitura de São Paulo fez um programa intersetorial destinado para 100 transexuais e travestis que recebem uma bolsa para concluir seus estudos no Centro de Estudos para Jovens e Adolescentes da Sé. Em contra partida se exige apenas a presença na maioria das aulas.

#6. Por meio da educação, Afeganistão livre valoriza meninas e mulheres

Organização luta pelo direito de acesso à escola

Organização luta pelo direito de acesso à escola

Com o objetivo de apoiar meninas e mulheres a se tornarem autônomas e influentes nasceu em 1996 a organização Afeganistão Livre.

Os três pilares básicos são o direito e acesso à educação, a garantia de assistência médica e o incentivo à participação em atividades lúdicas e gratificantes. Nas ações, os colaboradores atuam em diálogo com a comunidade para compreender melhor as necessidades locais.

#7. Secretarias de Educação e da Mulher de PE trabalham a questão de gênero em escolas

Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência Contra a Mulher tem objetivo de desenvolver inciativas que garantam a inserção das questões de gênero nas escolas

Núcleos tem como objetivo de desenvolver inciativas que garantam a inserção das questões de gênero nas escolas

A partir de uma parceria firmada entre a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) com as secretarias de Educação e da Mulher, de Pernambuco, nasceram em 2012 os Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência Contra a Mulher.

O objetivo é desenvolver inciativas que garantam a inserção das questões de gênero nos espaços de educação, contribuindo para uma mudança de paradigmas nas relações sociais, econômicas e de poder entre homens e mulheres.

#8. No Maranhão, campanha Por Ser Menina mobiliza comunidade escolar a discutir questão de gênero

Intuito do projeto é fortalecer o direito à educação e à segurança de meninas

Intuito do projeto é fortalecer o direito à educação e à segurança de meninas

Para alertar meninas que moram no Maranhão sobre a problemática e trabalhar a questão nas escolas públicas locais, a Plan International Brasil, organização que trabalha em defesa dos direitos da infância, lançou a campanha “Por Ser Menina”, que tem como intuito fortalecer o direito à educação e à segurança de meninas e mulheres dos municípios da região.

A campanha promove diálogo sobre o tema com três públicos distintos a partir de oficinas. Com os professores, coordenadores pedagógicos e gestores, a organização realiza formações voltadas para a prática pedagógica, em encontros mensais,  que contam com a parceria das secretarias de educação de cada município.

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