publicado dia 13/03/2015

Miguel Arroyo participa do lançamento do Prêmio Itaú-Unicef

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Destacando a parceria entre organizações da sociedade civil e escolas públicas em prol do desenvolvimento de projetos em educação integral, as entidades realizadoras do Prêmio Itaú-Unicef lançaram no dia 12 de março, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a 11ª edição da iniciativa. Além da Fundação Itaú Social e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a premiação conta com a coordenação técnica da Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Uma das principais mudanças para este ano é que as escolas públicas também serão premiadas pelo projeto desenvolvido, juntamente com a ONG parceira.

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O 11º Prêmio Itaú-Unicef premia 32 ONGs e escolas regionalmente, no valor de 25 mil reais para cada instituição. Nacionalmente, serão escolhidos 4 projetos que receberão um prêmio adicional de 100 mil reais. Será ainda escolhido um grande projeto vencedor que receberá 225 mil reais. Todos os prêmios deverão ser investidos nos projetos inscritos.

As inscrições podem ser realizadas entre 12 de março a 4 de maio no site do prêmio.

Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil afirmou que o programa tem como objetivo gerar impacto nas políticas públicas voltadas à educação integral no país. “Há ainda mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola no Brasil. Se continuamos no ritmo de hoje, demoraremos cerca de 30 anos para chegar aos 100%. Temos que acelerar”, declarou.

Debatendo a educação integral

Miguel Arroyo, professor titular emérito da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-secretário Adjunto de Educação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, foi o grande convidado do debate de lançamento, cujo tema foi “Educação Integral: Aprendizagem que Transforma”.

Arroyo destacou que a educação integral não deve ser vista meramente como um objetivo a alcançar, mas sim como “algo que já está ocorrendo”. O educador contou que durante sua experiência como gestor público em Minas Gerais, esforçou-se para sistematizar as experiências já existentes nas escolas, realizadas pelos professores da rede pública, sobretudo os que atuavam nas regiões mais pobres e excluídas do estado. “Isso ocorre porque a educação integral não nasce de uma teoria, mas da realidade”, aclarou. “As crianças chegam à escola pedindo para serem olhadas em sua totalidade”.

Citando o educador popular Paulo Freire, Arroyo afirmou que os processos pedagógicos orientados pela perspectiva da educação integral possuem um grande potencial para devolver às crianças e adolescentes a humanidade que lhes foi roubada. “Paulo Freire foi o primeiro a falar sobre o poder humanizador da educação”.

Arroyo enfatizou o papel preponderante dos professores – ou melhor, das professoras – nessas experiências humanizadoras, destacando a feminização do magistério. “Os verdadeiros atores da educação integral não somos nós [ONGs, Unicef, pesquisadores], mas essas mulheres que educam essa infância e adolescência”. Mulheres que, majoritariamente, sobrevivem com baixos salários e ainda cumprem uma dupla jornada de trabalho em suas casas, completou o professor.

Diálogo

Outro pilar defendido pelo professor foi a necessidade de pedagogos e docentes deixarem-se interrogar pelos educandos. “Hoje a infância e a adolescência são outras”, salientou. Portanto, nada mais natural que exijam novas práticas docentes. “Os educandos mudaram e por isso os educadores vêm a necessidade de mudar”.

Se esse processo de diálogo não ocorre, a escola se distancia cada vez mais dos educandos, já que não consegue dar respostas a aspectos cruciais de suas vidas. “Se a pedagogia não se deixa interrogar, haverá uma distância cada vez maior. O mesmo vale para instituições e organizações da sociedade civil e do poder público vinculadas à educação”, completou.

Só por meio do diálogo entre educador e educando e entre a escola e a sociedade é possível construir um conhecimento vivo. “Os alunos não escutam o que os professores falam porque o que eles dizem cheira a mofo”, brincou Arroyo. “Meu neto foi reprovado. Minha filha me disse: ele estuda a mesma coisa que eu estudei há 30 anos. E a mesma que eu estudei há 60. Há muito conhecimento morto. Vamos limpar os currículos de conhecimento morto”.

O conhecimento vivo, para o professor, deve valorizar os saberes e a cultura popular que os educandos trazem, além de servir para que ele entenda seu lugar na sociedade. Lugar que, para grande parte das crianças e adolescentes da rede pública é o da segregação social e racial.

Também participaram da mesa a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, e José Rodrigues Rocha Júnior, presidente do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social.

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