A partir de experiências com educação integral , estado do Acre quer institucionalizar programa

Publicado dia 24/07/2015

A ampliação das oportunidades educativas, prevendo o desenvolvimento integral dos estudantes do Acre, integra alguns programas indutores do governo federal. A rede estadual, constituída por 642 escolas, pactua com o Mais Educação, Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI)Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

A experiência, ainda recente no estado, enfrenta alguns desafios, na visão da coordenadora de Ensino Médio, Nayra Colombo, que passam pelo entendimento da proposta de educação integral pela rede escolar, pelo envolvimento das unidades escolares e abertura para a comunidade, e pela orientação curricular, que deve considerar as diretrizes políticas, mas também as especificidades de cada território.

O início do processo

A primeira adesão da rede foi ao Programa Mais Educação, em 2008. Segundo Nayra, o recurso do programa, de 40 mil reais para cada unidade, foi fundamental para possibilitar às escolas a diversificação de suas atividades já que muitas delas contam apenas com esse benefício. Atualmente, 250 escolas de ensino fundamental se integram à proposta.

No entanto,  o início do programa e a adesão das unidades esbarrou em algumas resistências, segundo a coordenadora, em grande parte justificadas pelo dimensionamento de mais trabalho às equipes escolares. Nayra conta que foi necessário um trabalho minucioso de conscientização com cada escola.

Atualmente, as escolas que recebem o Mais Educação somam três horas a mais em suas atividades diárias. Para além do turno regular, há a oferta de oficinas no contraturno, mediadas por monitores. Essa composição também deflagra outras questões para a rede.

“Primeiro pela dificuldade que temos em encontrá-los [os mediadores]. Depois pela necessidade de que as oficinas se integrem ao plano pedagógico e, portanto, dialoguem com os professores, para que possam de fato contribuir com a aprendizagem do ensino regular”, coloca Nayra.

Para enfrentar esta questão, a rede tem procurado dialogar com as equipes e essencialmente com os coordenadores pedagógicos que, segundo a coordenadora, têm a função de orientar professores e monitores numa perspectiva integrada. “Ainda estamos tentando barrar essa cultura de separação”, explica Nayra.

Atuações com o Ensino Médio

Algumas escolas de Ensino Médio ofertam os programas ProEMI e Pronatec; o primeiro atende atualmente 76 escolas e o segundo oferta um total de 3604 vagas e atende 70% da rede. As oficinas do ProEMI chegaram à rede em 2013, inicialmente para os estudantes do terceiro ano da modalidade; este ano também foram disponibilizadas para as turmas do segundo ano.

Essas atividades acrescentam uma hora a mais na vida dos estudantes, que ficam na escola das 7 às 13h. Segundo Nayra, as oficinas direcionam aprendizagens para as quatro grandes áreas do conhecimento:  linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; e ciências da natureza e suas tecnologias. Além disso, procuram pautar a matriz curricular do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O Pronatec, por sua vez, engloba oficinas mais curtas, também no contraturno, mas que podem ter duração de seis meses a um ano, dependendo da área técnica que engloba. Entre algumas possibilidades, os estudantes podem frequentar cursos de farmácia, de cuidador de idosos, guia turístico, entre outros. Na adesão, os estudantes contam com custeio de alimentação e transporte e essa formação se dá em paralelo àquela necessária ao currículo regular. Para essas formações, a rede conta com profissionais do Sistema S (Senai, Sesc, Sesi e Senac), com o qual mantem parceria, e professores da comunidade que tenham a formação específica.

Realidades diversas

A rede conta com alguma peculiaridades determinadas pela natureza das instituições – há escolas urbanas, rurais e indígenas – e também pelas formações do relevo, em que se fazem presente rios e matas da região amazônica. Isso faz com que muitos estudantes tenham que se deslocar por balsas ou percorrer grandes distâncias de ônibus para chegar às escolas. No entanto, como avalia Nayra, essas questões não incidem negativamente sobre a adesão das escolas aos programas indutores de educação integral.

“Temos uma escola em Xapuri, do outro lado do rio, a Madre Gabriela Nardi, que não só incorporou o Mais Educação, como tem avaliado que os alunos que participam das oficinas tem mais condições de desenvolver habilidades do que os que não estão ativos”. Outro caso comentado pela coordenadora é de uma unidade de Cruzeiro do Sul, Escola Visconde do Rio Branco, que não tem a infraestrutura adequada para a realização da oficina de futebol, a qual aderiu. “Isso não foi um impeditivo, uma vez que a diretora levou a atividade para a praia”, comenta Nayra.

Trabalho de avaliação

Ainda que iniciantes, as experiências das escolas são acompanhadas pela coordenação de educação integral, instituída há três anos no estado. Embora essa instância tenha atuação na capital e interior, ela conta com núcleos educacionais específicos em municípios menores, para garantir uma diálogo mais aproximado com as unidades e orientar o desdobramento dos programas.

Segundo Nayra, é consenso entre a rede que os processos não podem ser engessados, e que devem considerar as peculiaridades de cada território, respeitando o que cada escola tem a oferecer.

Principais resultados

Para a coordenadora, a experiência do estado ainda é bastante embrionária. No entanto, ela entende que esses percursos são fundamentais para que se possa caminhar no sentido de institucionalizar um programa de educação integral, prevendo não só as diretrizes, mas também as demandas necessárias quanto à alimentação, transporte. “A estrutura física ainda é um gargalo”, reconhece Nayra.

Segundo conta, já foi iniciado um processo de articulação com o Conselho de Educação para que o programa cumpra os trâmites burocráticos necessários. Mesmo com essas etapas a cumprir, ela reconhece avanços ao visitar as escolas da rede, no sentido da conscientização de que a oferta dos programas é benéfica e, muitas vezes, capaz de modificar a relação da escola com seus atores.

Contato:

Secretaria de Estado de Educação e Esporte
http://www.see.ac.gov.br/portal/
Fone: (68) 3213 2356

Para especialista, educação integral apoia formatação de políticas públicas

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.