Música na Escola: projeto modifica a realidade de alunos no Mato Grosso

Publicado dia 06/02/2015

Nas escolas convivem diariamente diversas culturas. Basta imaginar que cada um que ali tem gostos bastante particulares sejam eles culinários, musicais, literários e tantos outros. A questão é que essa efervescência toda nem sempre é utilizada para construir conhecimento e sustentar o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, fato que sempre intrigou o docente Odenil Sebba, da Escola Estadual José Leite de Moraes, em Várzea Grande (MT).

Especialmente ele que, por oito anos, estudou música enquanto frequentou a Missão Salesiana no estado. “Essas preferências sempre acabam aparecendo entre os jovens, mas desprovidas de uma intenção pedagógica”, relata o professor que escolheu a música como forma de ampliar o repertório cultural dos alunos e despertar mais interesse para o ensino e aprendizagem.

De início, Odenil montou um coral na escola, batizado de Vésper. E, no lugar das músicas eruditas, talvez pouco conhecidas pelos jovens, começou a descobrir as que eles gostavam de ouvir e trazê-las para o grupo. A ideia não era apenas cantá-las, mas entendê-las a partir do contexto que traziam.  “Discutíamos a letra delas ou o estilo, e procurávamos entender a que período da história correspondiam, se passavam alguma mensagem política ou social”, explica.

O trabalho, inicialmente voluntário, caminhou por quatro anos e conseguiu mobilizar boa parte dos alunos. Em 2009, a Secretaria de Estado de Educação convidou o docente a trabalhar somente com o projeto, que ganhou oficinas de violão, violino, flauta doce e saxofone.

Educando os ouvidos



KONICA MINOLTA DIGITAL CAMERAPara Odenil, o segredo para agregar tantos alunos à proposta é a metodologia que procura traduzir nas aulas. O educador se inspira no método Suzuki, conhecido mundialmente, que tem como característica principal  fazer uso do lúdico e tornar os momentos de aprendizagem leves e prazerosos. “Se o foco fosse nas partituras, certamente metade dos alunos já teriam desistido”, conta lembrando que são vastas as idades que se encontram nas atividades, de 6 a 16 anos.

Assim como no aprendizado da língua materna, em que a criança acaba falando por ouvir repetições, o educador acredita que o mesmo acontece com os instrumentos musicais. “É preciso educar os ouvidos”, garante. Para isso, nas oficinas – que acontecem duas vezes na semana –  é bem vinda a participação dos pais como incentivadores, além de serem mantidas posturas de respeito à individualidade de cada um; de cooperação ao invés de competição; de críticas construtivas; e de formação de significado e valorização da escola.

Ainda que não sistematizada, a atuação vem oportunizando um trabalho em conjunto com os demais professores e criando novas posturas dos alunos em sala de aula, a partir das habilidades e competências adquiridas. “Vemos uma condução mais autônoma por parte deles e de responsabilidade com o seu processo de aprendizagem e com a instituição que, de alguma forma, possibilita isso”, explica Odenil.

Principais resultados

Desde o início do projeto, as oficinas vem crescendo e a participação dos alunos também. Atualmente, são sete turmas violão, três de violino, uma turma de saxofone e o coral que reúne 65 participantes. Odenil estima que 900 jovens já passaram pela formação.

O educador conta que é notória a postura interessada e autônoma que os alunos adquirem e isso reflete na melhora de comportamento em sala de aula. Os aprendizados também fizeram com que a escola se abrisse para o seu entorno, sendo comum as saídas dos alunos pela comunidade e também convites de outras localidades para recebê-los.

“Com a iniciativa, também fica evidente a importância do papel do professor no processo de formação de seu aluno como cidadão”, indica orgulhoso.

No ano passado o projeto foi premiado no Construindo a Nação 2014, iniciativa que dá estímulo, reconhecimento e difusão às ações realizadas por escolas e seus alunos, em intervenções onde os estudantes são os agentes da mudança, na melhoria ou resolução de problemas nas comunidades onde se localizam essas instituições.

 

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