Em SP, núcleo teatral Filhos da Dita estimula a reflexão da comunidade sobre o território

Publicado dia 22/01/2014

Iniciativa: Núcleo Teatral Filhos da Dita

Pública ou Privada: 3º Setor

“Rindo se castigam os costumes”. A frase, dita pelo dramaturgo português Gil Vicente, no século XV, serve também para descrever os objetivos do Núcleo Teatral Filhos da Dita, que, desde 2006, utiliza o teatro e a comunicação para sensibilizar a população do bairro Cidade Tiradentes, localizado na zona leste da cidade de São Paulo, e assim fomentar a transformação do território.

Tudo começou em 2005, quando os integrantes do grupo passaram a participar das oficinas teatrais oferecidas pelo Instituto Pombas Urbanas. A constante troca de experiências entre os jovens  moradores da zona leste, deu início a um coletivo e, consequentemente ao Núcleo Teatral Filhos da Dita.

Mobilização

Até se consolidarem enquanto grupo, os envolvidos já realizavam diversas intervenções artísticas junto aos moradores locais, no intuito de ocupar o espaço público e difundir as artes cênicas. Dentre as ações, eram constantes o diálogo e a interação com as pessoas sobre as temáticas das peças em questão. O grupo, porém, entendia que era preciso intensificar essa relação com a comunidade e, portanto, começou a publicar fanzines, que tinham como finalidade divulgar as ações do Filhos da Dita e outras atividades do espaço Centro Cultural Arte e Construção, onde estão sediados atualmente.

Educomunicação

Na perspectiva de mobilizar a discussão sobre espaço público na região, em 2006, o coletivo passou a ministrar oficinas de educomunicação, com o apoio do programa de incentivo VAI. Os encontros contavam com dois momentos. Um para a discussão sobre assuntos que faziam parte do cotidiano dos participantes, como habitação, transporte, drogas e sexualidade. E outro para a produção do fanzine e sua replicação por meio de cópias xerocadas, com apoio de papelarias da região.

Os participantes – pessoas de todas as faixas etárias -, eram responsáveis por toda a produção, organizada sempre colaborativamente. As oficinas serviram também como pesquisa para o grupo, que, na época iniciava processo de produção de seu primeiro espetáculo, chamado Tronconenses, uma dramaturgia de Liro Rovald, que retratava, entre outros assuntos, a violência dos anos 1980. Além da sede do grupo, as oficinas ocorriam também em Guaianazes e Sapobemba, bairros também situados na zona leste.

Com encerramento em 2008, as oficinas aproximaram o coletivo de outros movimentos culturais e de educomunicação na região, colaborando, inclusive, com o Colmeia, evento que reúne jovens autores de diversas manifestações artísticas, como música e grafite.

Uma bicicleta-rádio itinerante

O ditado “se Maomé não vai à Montanha, a Montanha vai a Maomé” é outra expressão que faz muito sentido para os Filhos da Dita. Além das oficinas, o coletivo passou a utilizar uma caixa de som instalada em uma bicicleta para divulgação das atrações e atividades. Circulando pelas feiras, Centros Educacionais Unificados (CEUs), escolas e espaços culturais, a “bike” se transformou em um instrumento oficial de divulgação coletiva, utilizada também por grupos do Centro Cultural Arte e Construção.

O teatro e interação com a comunidade 

O grupo, que segue trabalhando na construção e exibição de espetáculos em diálogo com a comunidade, também realizou apresentações com escolas da região. Após cada apresentação, o grupo organiza uma roda de conversa, estimulando a participação ativa dos espectadores. De acordo com os integrantes, esses espaços de diálogo contribuem também para a produção da própria peça e maior interação e compreensão das características e demandas da juventude local.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Coletivo Jovem

O grupo participou também do Projeto Coletivo Jovem, uma iniciativa da Comgás e da Associação Cidade Escola Aprendiz. Com o projeto, puderam criar uma rede de agentes culturais jovens na zona leste e conhecer outras linguagens, além do teatro.

Principais Resultados

Além da formação sociocultural, os jovens envolvidos no coletivo se profissionalizaram nas áreas de teatro e técnicas cenográficas. Hoje, todos têm alguma habilidade desenvolvida, sabem escrever projetos ou produzir um espetáculo, a partir do objetivo do Pombas Urbanas de formar os chamados atores orgânicos, que conseguem administrar seus projetos, produzi-los e divulgá-los.O grupo aponta outro resultado positivo, que foi o de adquirir autonomia e perceber que por mais que vivam em um bairro com déficits culturais, também podem viver de teatro.

Início e duração: 2006 até os dias atuais
Local: Cidade Tiradentes
Responsáveis: Núcleo Teatral Filhos da Dita
Financiamento: independente
Envolvidos e parceiros: Instituto Pombas Urbanas, Trupe Circo Teatro Palombar, Cia Teatral aos Quatro Ventos, que estão todos situados no Centro Cultural Arte e Construção, além do apoio de outros coletivos culturais da região, do país ou mesmo internacionais. Os comerciantes do bairro também colaboram oferecendo alimentação aos integrantes do grupo em dias de atividades ou então na impressão de publicações ou fanzines. O grupo também possui contato constante com escolas do bairro e enxerga todo o bairro de Cidade Tiradentes como um grande aliado. 

Contato
Página do Facebook:
https://www.facebook.com/Filhos.da.Dita
Site: http://filhosdadita.wordpress.com/

Escola

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