Escola em Porto Alegre faz das formas da cidade objeto de ensino da matemática

Publicado dia 04/06/2014

 

“Onde eu uso o estudo de geometria em minha vida?”. Após ouvir esta frase repetidas vezes durante sua carreira, a professora de matemática Silvana Benvenutti, do Colégio Estadual Piratini, de Porto Alegre (RS), resolveu utilizar um novo método de ensino com seus alunos. Em vez de figuras dos livros didáticos, direcionou os alunos a olharem os prédios, casas e todo tipo de forma geométrica presente na própria cidade.

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A educadora iniciou esse exercício pedindo aos jovens que trouxessem embalagens coletadas no supermercado e mostrou que caixas e enlatados também se enquadravam nos formatos geométricos estudados em sala de aula. No mesmo dia, pediu a eles que olhassem para além dos vidros da escola e apontassem as figuras que que dialogavam com o conteúdo estudado. “Aquele prédio não parece uma pirâmide”?, foi uma das provocações, ao explicar aos alunos como era possível aprender matemática a partir de um olhar mais atento ao espaço urbano.

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A partir da constatação de que os alunos fotografavam tudo aquilo que acontecia no espaço escolar, a educadora pediu a eles que, durante o caminho até a escola ou aos finais de semana, utilizassem esta ferramenta para registrar tudo aquilo que considerassem uma forma geométrica.

O exercício, no entanto, não parava por aí. Além de identificar a geometria presente na vida real, os meninos e meninas tinham que desenvolver uma pesquisa sobre história do local fotografado, em uma atividade interdisciplinar, realizada em parceria entre as disciplinas de história e matemática.

A partir do diálogo com moradores, síndicos dos prédios ou vizinhos dos locais, os estudantes tinham como tarefa descobrir quando a edificação havia sido inaugurada, o que havia no espaço antes da construção, quais foram as maiores mudanças da paisagem no decorrer dos anos, mostrando aos alunos que havia muitas histórias interessantes por trás de uma simples construção.

Foram praticamente dois meses de pesquisa e registros em fotos. No fim do processo, cada um dos grupos de alunos do 3º ano apresentou em seminários as formas e histórias que descobriram durante os exercícios. As palestras tiveram que ser construídas com apresentações em slides, incentivando o diálogo de um terceiro conhecimento no processo: o da informática.

Mesmo trazendo fotos de lugares iguais, cada grupo de estudantes trazia uma perspectiva diferente do lugar analisado e permitiu que um maior conhecimento sobre a cidade fosse socializado entre a turma. Além disso, muitos famílias puderam se envolver nesse exercício, já que algumas das fotos eram produzidas nos passeios durante os fins de semana.

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Os estudantes tinham total autonomia na escolha dos lugares, o que, para a professora, foi algo enriquecedor, uma vez que a escola contempla estudantes de diferentes bairros da cidade de Porto Alegre. As variadas leituras apresentaram distintas arquiteturas, memórias e formas de observar a cidade.

Principais Resultados

Com a atividade, a professora pôde notar maior interesse dos estudantes no ensino de geometria espacial, que antes não eram compreendidas por eles. A educadora percebeu ainda que os alunos notaram como a matemática está presente em suas vidas, sem mesmo perceberem, até mesmo na arquitetura de suas próprias casas.

As meninas e meninos começaram a compreender com mais facilidade algumas nomenclaturas da área de exatas, já que o conteúdo ficou muito mais próximo de suas realidades. Na disciplina de história, foi possível conhecer novos aspectos sobre a história da cidade, dialogando com outros conteúdos curriculares, como processo de urbanização da cidade, imigrações e evolução tecnológica e arquitetônica.

Contato

Site: http://colegiopiratini.com.br/
Telefone: (51) 3332-4612
Endereço: Rua Eudoro Berlink, 632 – Mont’Serrat, Porto Alegre (RS)
E-mail: [email protected] 

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