CEI investe no diálogo entre educadores para implementar formação continuada

Publicado dia 14/07/2017

Garantir a formação continuada de professores, diretores, coordenadores pedagógicos e funcionários de uma escola não é tarefa simples.

Para a Liga Solidária, organização sem fins lucrativos que desenvolve programas socioeducativos e de cidadania, esse encargo é ainda mais desafiante. Multiplica-se por nove — número de Centros de Educação Infantil (CEI) sob sua gestão. 

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A solução encontrada para tocar o processo, no entanto, relaciona-se menos com a lógica matemática e mais com o lado humano. 

Das palavras usadas por Patricia Nunes Silva, pedagoga responsável pela formação continuada, “troca” é a que mais sobressai e define seu trabalho. “Não estou sozinha neste processo, tenho todo um suporte por trás. Estou junto com as educadoras e a Neide Cavalcante e a Aline Matas, que administram todos os CEIs. Eu só apoio estas trocas”, diz.

Creches conveniadas

As creches conveniadas prestam contas à Prefeitura de São Paulo sobre seus processos político-pedagógicos, administrativos e financeiros.

Com base em sua experiência como docente, Patricia organiza formações com as equipes de três formas diferentes: levando os educadores para congressos, workshops ou palestras, trazendo especialistas até as unidades para conversar e, por fim, ela própria discute e aplica questões teóricas no cotidiano escolar.

“Sempre tento trazer olhares diferentes para os educadores refletirem e inovarem em suas práticas. Quero que sejam autores, e não reprodutores, para que o processo educativo seja focado e crítico. Do contrário, só estaremos dividindo o espaço com as crianças e [a Educação Infantil] é mais do que isso”, explica.

Para tanto, visita as unidades e observa, a partir de uma perspectiva pedagógica, se o direito de aprender, brincar e interagir das crianças está sendo garantido. “Meu papel é acolher, mas também avaliar e ter rigor, plano formativo, metas e planejamento. Todo mundo vem aqui para dar o seu melhor, mas isso precisa estar de acordo com o contexto”.

Área para brincar e praticar esportes no Educandário Dom Duarte

Crédito: Ingrid Matuoka

Para cada unidade de CEI, Patricia dedica dois encontros mensais de 4 horas, tempo em que observa o que está funcionando, o que precisa melhorar e as necessidades individuais de cada coordenador, professor e aluno. Além disso, mensalmente, as nove coordenadoras se encontram para trocar experiências.

Há ainda a documentação das atividades e processos que são realizados, com a finalidade de manter a continuidade dos trabalhos para a próxima etapa educacional das crianças, evitar a repetição de atividades e permitir a troca entre as unidades. A proposta é que as crianças sejam sempre expostas a novidades que permitam trabalhar novas habilidades e conhecimentos.

“Todos são educadores quando estão em uma escola e precisam saber acolher”, diz a pedagoga Patricia Nunes

A pedagoga também explica que os demais funcionários dos CEIs — como cozinheiras e equipes de limpeza e apoio – passam pela formação. “Todos são educadores quando estão em uma escola e precisam saber acolher e ter sensibilidade”, diz.

A formação continuada em prática

O CEI João de Barro é uma das nove unidades de Educação Infantil da Liga Solidária e uma das seis que ficam no Complexo Educacional Educandário Dom Duarte, localizado no Jardim Esmeralda, na periferia da cidade de São Paulo.

O Educandário une os CEIs e outros programas socioeducativos em uma extensa área verde, repleta de espaços amplos para crianças e adolescentes brincarem e aprenderem. São, no total, 1360 crianças matriculadas.

Thais Rosa é a coordenadora pedagógica do CEI João de Barro desde 2014, onde trabalham 13 professoras, e afirma que a formação continuada é essencial. “A educação que eu tive anos atrás não é mais a mesma de hoje. Preciso entender quem são essas crianças e como elas aprendem agora”, diz.

Parceria: Lígia, Patricia e Thais caminham lado a lado

Crédito: Ingrid Matuoka

É no diálogo entre formadora e coordenadora que descobrem as dificuldades e necessidades, realizam planejamentos e sistematizam práticas. Além disso, discutem o perfil dos professores, das crianças e se o que estão desenvolvendo tem sentido e relação com a família e com a comunidade.

Neste tratamento, prevalece o respeito e a confiança. “Quando me aproximo das professoras, me aproximo também das crianças”, conta Patricia. “E então elas conseguem trazer suas dificuldades. Sentem confiança para continuar desenvolvendo o que sempre fizeram, com a bagagem que já têm”.

Por parte de Thais, essa abordagem faz toda a diferença. “A Patricia não vem aqui para supervisionar, apontar o que está errado e ir embora. Ela traz estratégias de como melhorarmos o nosso trabalho juntas”.

Lígia Mandu da Silva, uma das professoras do CEI João de Barro, conta que Thais participa de todos os planejamentos semanais de atividades das professoras, e que Patricia nunca foi uma figura ameaçadora. Essa proximidade faz com que ela se sinta à vontade para buscá-las quando encontra dificuldades. “Aqui, elas me veem como profissional. Aqui, eu realmente sou professora”, diz.

A formação continuada é condição estratégica de uma educação de qualidade

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