Práticas Pedagógicas: articulando saberes e estratégias

A mandala é uma representação simbólica que visa apresentar, a partir de uma abordagem sistêmica, a proposta pedagógica de articulação, integração e interação de saberes escolares e saberes locais, entre a escola e a comunidade, para a busca e a efetivação da Educação Integral.

Mandala-01Cada um dos anéis da mandala – em constante diálogo – representa um aspecto a ser considerado nesse processo de ensino-aprendizagem, que deve ser fomentado a partir das múltiplas possibilidades de trocas e mediações entre escola e comunidade, visando a formação do estudante na sua multidimensionalidade.

A intenção é que ela seja um instrumento e ferramenta de auxílio e de orientação à construção de estratégias pedagógicas para a Educação Integral, permitindo que o educador possa lançar mão de diferentes conexões entre os vários anéis para desenvolver uma educação significativa para seus alunos.

A mandala tem como ponto de partida o olhar sobre a centralidade do sujeito – seja a criança, adolescente ou adulto – na perspectiva de garantir o seu desenvolvimento em todas as dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural. A partir desse centro, o educador conduzirá o seu processo pedagógico, que favorece os direitos de aprendizagem e respeita as especificidades de cada etapa da educação básica.

Para que o currículo seja de fato significativo para esse aluno, o educador estabelece, então, umaconexão entre as diversas áreas do conhecimento e os saberes do território, lançando mão de diferentes estratégias disponíveis, que favorecem a participação ativa do estudante, o processo de autoria e autonomia, respeitam as diferentes formas de aprender e garantem a articulação e combinação de saberes e práticas que estão em diversos espaços, na escola, na família e no território da cidade.

 

Dimensões do sujeito

A Educação Integral é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural.

Dimensões do sujeito-01Essa multidimensionalidade do ser humano e a peculiaridade do desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens, considerando o corpo, a mente e a vida social, no sentido da construção da cidadania e do sujeito autônomo, deve estar contemplada em todos os aspectos do processo de ensino-aprendizagem, garantindo interações e estratégias que favoreçam não apenas o aspecto intelectual, mas todas as outras dimensões, entendendo-as como interligadas e codependentes.

Reconhecer essas várias dimensões do estudante significa que, para a Educação Integral, os conteúdos acadêmicos devem se articular aos saberes dos alunos e comunidades, dialogando com diferentes linguagens e experiências formativas que envolvem e integram o conhecimento do corpo, das emoções, das relações e dos códigos socioculturais.

 

Direitos de aprendizagem

Todas as crianças, adolescentes e jovens no Brasil têm o direito a uma formação de qualidade, que lhes permita ser sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo.

Direitos de aprendizagem-01Por isso, a Educação Integral reconhece o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacionais.

O que se espera, portanto, é fomentar práticas que permitam aos estudantes serem criadores e produtores de culturas próprias construídas na interação com seus pares e no intercâmbio entre idades e gerações. Entre os direitos de aprendizagem, destacam-se Multiletramentos, Sociabilidade e Participação, Pensamento crítico e criativo e Autoconhecimento e Projeto de vida.

 

Etapas

O sistema de ensino brasileiro é composto de diversas etapas, e os educadores, ao elaborarem sua prática pedagógica, devem adequá-la às especificidades e ao foco da aprendizagem determinada para cada uma delas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE) apontamos objetivos e as metas de aprendizagem para cada etapa, destacando os conteúdos a serem trabalhados.

Etapas-01

 

Áreas do conhecimento

O currículo da educação básica é organizado em áreas de conhecimento, que reúnem os saberes sistematizados pela sociedade e, portanto, importantes de serem transmitidos e compartilhados com os educandos no processo de ensino-aprendizagem.

Areas do conhecimento-01Essas áreas contemplam todos os components curriculares: Linguagens (Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna e Língua Portuguesa), Matemática, Ciências da Natureza (Física, Ciências, Biologia e Química), Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia) e Ensino Religioso.

Na perspectiva da Educação Integral, a organização curricular pressupõe o acesso do estudante a todas as áreas do conhecimento de maneira articulada e permanente, rompendo com a fragmentação das disciplinas e dando sentido aos conteúdos a partir das questões, trajetórias, experiências e relações dos sujeitos envolvidos nos processos educativos.

 

Saberes do território

Construir um processo de ensino-aprendizagem significativo passa por reconhecer que os saberes não se restringem aos conhecimentos acadêmicos. Reconhecer os saberes que os estudantes estabelecem na relação com o mundo e com a forma de viver são fundamentais para que eles possam ampliar o seu repertório e estabelecer conexões com o que aprendem na escola.

Saberes do território-01Afinal, em cada local, há formas específicas de habitar, vestir, comer, narrar histórias, se expressar artisticamente, cuidar da saúde, se relacionar com o meio ambiente, estruturar o poder político, lutar por direitos, brincar, enfim..

O território é, assim, um importante espaço de aprendizagem que ajuda os estudantes a construírem sentido para o que estão aprendendo, a partir de vivências e práticas culturais concretas: as relações que estabelecem, os saberes que já trazem para a escola, as crenças os valores com os quais se identificam. Pessoas, saberes, recursos diferenciados podem ser articulados ao itinerário formativo dos alunos, garantindo novas aprendizagens, ampliando seu olhar sobre o outro e sobre a própria cidade e fortalecendo sua autonomia para estabelecer conexões possíveis para além das instituições.

Na perspectiva da Educação Integral, a escola assume, assim, a disposição para o diálogo e para a construção de um projeto pedagógico que contemple princípios e ações compartilhadas, conectando saberes oriundos de distintas experiências e avançando na direção da escuta mútua e das trocas capazes de constituir saberes pertinentes e contextualizados.

Entre os saberes do território, destacam-se: Brincadeiras, Línguas faladas, Alimentação, Corpo/Vestuário, Habitação, Calendário local, Narrativas locais, Expressões artísticas, Curas e rezas, Mundo do trabalho, Condições ambientais e Organização política.

 

Estratégias

Para desenvolver um processo de ensino-aprendizagem tendo como pressupostos os princípios da Educação Integral, o educador deve lançar mão de múltiplas e diversas estratégias, levando em consideração o público, a etapa e as áreas de conhecimento.

Estratégias-01A partir daí, de acordo com as especificidades da classe e dos alunos, o educador poderá diversificar atividades coletivas e individuais, com estratégias que potencializam a abordagem de determinados conteúdos, assim como podem estimular diferentes habilidades e competências dos estudantes.

Porém, seja qual for a estratégia escolhida, ela deve ter clara intencionalidade pedagógica e compor um planejamento integrado que defina objetivos e metas de aprendizagem. As diversas estratégias permitem que os educadores consigam contemplar a singularidade de cada estudante na construção do seu percurso formativo.

A ideia é que a pluralidade de métodos e intervenções possam ser colocados em prática a partir das necessidades e interesses dos estudantes, assim como dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento definidos no currículo.

Lembre-se de que as estratégias se inter-relacionam e cabe ao professor promover essas conexões.

Para cada estratégia, há um conjunto de práticas sugeridas, que apontam caminhos e possibilidades de ação junto aos alunos e à comunidade escolar. Elas trazem em sua essência e valorizam o contexto dos estudantes, propõem formas inovadoras para abordar conteúdos do currículo e consideram o território como um importante espaço de aprendizagem.

As práticas também ganham ainda mais força quando articuladas umas às outras, estabelecendo pontes entre os conteúdos trabalhados em cada uma delas. Entre as estratégias estão: Ensino-aprendizagem na cidade, Letramento e Cultura digital, Monitoria entre pares, Participação educativa da comunidade, Personalização, Experimentação e Múltiplas interações.

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